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Na estrada

 

            Certamente existem histórias muito mais interessantes que a nossa com a Harley-Davidson, mas, cada um tem a sua história, sua vida, suas próprias experiências, suas aventuras, e é isso que faz de cada história tão importante quanto a qualquer outra contada ou simplesmente vivida pelos nossos irmãos de estrada. E assim começa a nossa história com a Harley-Davidson...
Sempre gostei de motocicletas, mas, na década de 70 nunca tinha ouvido falar de Harley-Davidson em Mogi das Cruzes, pelo menos é o que eu podia constatar quando acompanhava os rachas de 750Four, RD 350, GT 380, etc., não ouvia nada sobre as H-Ds. Era um compromisso para nós (eu, meu irmão Josemir e o meu amigo Derli Mello) ficarmos ali no retão da OMEC (hoje UMC) vendo os pegas protagonizados pelo Pico, Marquinhos, Teté, Jacaré.... algumas figuras que eram um símbolo de liberdade e um pouco de rebeldia para os adolescentes  daquela época, nós deveríamos ter entre 14 e 16 anos, cabeças cheia de sonhos, muito rock’n’roll e uma amizade muito sincera. Para se ter uma ideia do quanto eu conhecia de H-D, assim que chegou em Mogi o filme Tommy (A ópera rock – The Who) assistimos algumas vezes e nem me liguei que os Hells Angels utilizavam estas máquinas, só os via como uma gang de motociclistas que participaram do filme Tommy.

             As dificuldades financeiras daquela época me impediam de realizar o sonho de ter uma moto, mas, o meu Pai (Grande e inesquecível Livá!) um dia deu um jeito de ficar alguns dias com uma RD50 (Yamaha), só pra que eu tivesse a sensação de ser um motociclista, mas, não tinha grana né, a cinquentinha voltou para a loja (Ito Motos).  Até que alguns anos depois....
        1982, esse foi o ano, 79 anos depois de ser fabricada a primeira Harley-Davidson, eu e a minha namorada Mari (minha esposa) com meu irmão Josemir e a sua “ex” estávamos andando pelo bairro quando vejo na garagem uma máquina vermelha (vermelho Ferrari como o dono dizia) de duas rodas e que estava a venda, nem sabia que marca era, foi paixão a primeira vista e na hora chamei o proprietário daquela que seria o início de tudo que vivemos hoje com muita intensidade. O cara que estava vendendo era chamado de Chico da Harley, aí eu fiquei sabendo que máquina era aquela, uma AMF Harley-Davidson Motovi de 125cc ano 1978, só que tinha um detalhe, ela já estava praticamente vendida para um cara lá do Sul do Brasil que tinha mandado um caminhoneiro retirá-la. Como só estaria vendida quando o caminhão a retirasse fiquei na fila de espera.... passava lá todos os dias, foi assim pelo menos umas duas semanas depois do primeiro encontro. O Chico da Harley percebia o quanto ficamos apaixonados pela sua Harley, mas,  a sua palavra era o que estava valendo para o “gaúcho”, ele já estava torcendo para que o cara desistisse e pudesse vender para nós. Não teve jeito, aquela máquina tinha que ser nossa, e foi, valeu a paciência nossa e do Chico que nos atendia todos os dias!

         Que orgulho chegar em casa com aquela Harley-Davidson, meu Pai viu aquilo e já deve ter pensado naquele momento  “o que você foi fazer com a grana do fusca que você vendeu meu filho?”, mas, o Livá era o Cara, me apoio mesmo sabendo das aventuras que eu teria para mantê-la funcionando.....
O importante para nós era que tínhamos uma Harley-Davidson e lá veio o primeiro sábado para dar aquele trato na máquina, muita cera para deixa-la brilhando.... me empolguei tanto com a cera que deixei também o banco como um espelho (!). Depois do trato na máquina lá fui buscar pela primeira vez para dar um rolê de sabadão em Mogi a minha namorada, aquela que seria - e é - a mulher da minha vida, a mãe dos meus filhos, a minha lady Harley-Davidson. Que aventura esse primeiro rolê com a H-D, na primeira esquina com a Mari na garupa dei uma freada muito tranquila, mas, o banco tava tão liso que a Mari me deu uma “encoxada” que quase viramos um só na moto... ou melhor, quase que ela me joga pra fora da moto. A partir daí aprendi que a cera era somente para as partes metálicas da moto..... A partir daí já fiquei conhecido como o cara da Harley, chegava no trabalho dela e os “tiozinhos” já falavam tudo que sabiam (ou melhor, não sabiam né!) de negativo dela... vazava óleo (vazava nada, marcava terreno, ninguém estacionava nada onde eu guardava ela em casa! O lugar tava marcado e pronto!), motorzinho ruim 2 tempos, encharcava vela que era uma beleza. Eu e a Mari ficamos várias vezes na rua por conta deste detalhe das velas, mas, era a nossa Harley-Davidson, e pronto! Naquele final de ano tivemos a confraternização do pessoal da fábrica onde eu trabalhava... e como não poderia de ser, eu e a Mari iriamos com a nossa H-D, fizesse sol ou chuva, e não é que fez “muita chuva”! Não esqueço até hoje, a Mari de calça branca e o lugar era natureza pura, muito “pouco verde” e muito, muito, muito barro! Quando chegamos foi uma pequena aventura, ela subiu o morro de carona e eu toquei a nossa Harley naquele morro barrento, parecia até uma pista de motocross.... Chegamos bem lá em cima, mas, nem preciso dizer como foi a descida e a chegada em casa naquele dia.... A calça branca da Mari, esquece, não vale a pena comentar.....
         Até que um dia ela começou a ficar muito temperamental (a Harley!) e quando resolvia me deixar na mão não tinha o que a fazia girar o motor novamente.... até que resolvi eu mesmo ver o que estava acontecendo naquele carburador que cheirava uma gasolina dentro de casa que parecia até um posto de gasolina. Desmontei o carburador e montei novamente, parabéns, ficou igualzinho como era, mas, quando abri a gasolina, vazava “petróleo” para tudo quanto é lado, se o líquido fosse preto com certeza tinha descoberto naquele momento um poço de petróleo... Depois disso ela nunca mais funcionou, não tinha grana pra consertar e também resolvemos que deveríamos casar, não com a Harley, nós tínhamos certeza naquele momento que nascemos um para o outro e que iríamos viver o resto de nossas vidas juntos, com certeza isto já estava escrito muito antes de nos conhecermos... A Harley foi vendida, daquele jeito mesmo, quem experimentou ela poderia fazer isto na descida, afinal, ela andava muito bem para frente e para baixo..... não tinha nem como esconder o probleminha que ela tinha, mas, precisávamos de grana e guardamos dentro de algum lugar das nossas memórias aquela que nos deu muito orgulho de ser proprietário um dia... Não tenho foto dela, não tinha grana nem para uma máquina fotográfica e por este motivo procurei e achei uma muito parecida com a nossa, só que a nossa não tinha o logo da AMF Harley-Davidson no tanque, isso já fazia parte do passado para a nossa H-D, certamente vermelho Ferrari não era a cor original de uma H-D.

 

                                                                  Este AMF na história (e no logotipo) da                                                                       Harley também fez parte da minha vida...

                                                   foi em 1998 quando fui convidado para ................................................... trabalhar em São Paulo numa empresa .....................................................que tinha se associado com o Playcenter .....................................................para explorar os centros de boliche no .....................................................Brasil, essa empresa nada mais era que a .....................................................AMF , a mesma AMF que um dia quase .....................................................destruiu um ícone do motociclismo mundial, uma lenda. A marca Harley-Davidson também já não era mais tão presente na minha memória, boas lembranças apenas, nada mais que isso.
        Passaram-se alguns anos e exatamente em 2007 quando estávamos em Visconde de Mauá-RJ encontramos com um casal do RJ (Edu e Dani) que estavam lá em razão do Megacycle de Penedo. Estávamos tão desligados do mundo das duas rodas que nem sabíamos que ia se realizar esse megaevento tão perto de onde estávamos. O Edu e a Dani não precisaram nem insistir, fomos todos num carro só! Resumindo, reencontramos tudo aquilo que estava guardado nas nossas memórias, toda aquela paixão pela marca voltou com tanta força, tanto entusiasmo, que mesmo não sabendo exatamente quando teríamos a nossa Harley de volta já investi no visual da minha Lady Harley!

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

       
          

 

 

 

 

         Depois do megacycle de Penedo passamos a pensar no momento que teríamos a nossa Harley-Davidson novamente. Foi exatamente 26 anos depois da venda  da nossa 1ª. H-D, em abril/2009, quando num sábado fomos à uma revenda Yamaha para fechar com uma drag-star “vermelha (tinha que ser né!)” usada por R$ 21mil, os caras queriam R$ 22mil, enquanto ficaram pensando no desconto resolvi ir até a loja da H-D na Av. Bandeirantes (inclusive já sabia o que teria que enfrentar comprando uma moto H-D do Grupo Izzo). Covardia né, não dava nem para comparar, era como se fosse uma criança entrando na Disney pela primeira vez, pirei, ou melhor, piramos. Não tivemos dúvida, gastamos um pouco mais e compramos a nossa Harley-Davidson Super Glide! Não vale a pena aqui dizer tudo que passamos durante 30 dias até entregarem a nossa H-D, o grupo Izzo já teve o que mereceu da própria Harley-Davidson, essa história também todo mundo já sabe como terminou. O importante é que em 21/05/2009 éramos novamente PHD. Um detalhe apenas em relação a retirada da moto, eu não pilotava uma H-D desde 1982, pior ainda, a minha experiência foi com uma 125cc, não tive dúvidas, os caras estavam me devendo tanta coisa lá na loja que ainda entregaram ela na garagem de casa, reconheço, fui um PHD roda presa... A chegada dela foi demais, fotos e mais fotos, liga e desliga, subir e engatar a marcha nem pensar, demorei uma semana para isso e só dentro do condomínio. Demorei muito para sair das ruas tranquilas de lá para a realidade do trânsito... Me tiraram o maior barato no trabalho quando disse que li o manual da minha Harley, poxa vida, eu queria saber tudo sobre ela, na teoria estava muito bem,  faltava a estrada.... até que um dia a minha esposa se encheu de coragem e fomos pra estrada... muita aventura, peguei até uma procissão de carroceiros aqui perto de Santana de Parnaíba, foi punk para um iniciante, mas, valeu pra estreia!

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

   
        Rodamos muito pouco com a Dyna, a minha insegurança na pilotagem e o desconforto para a minha esposa contribuíram com isso, vendemos ela com 5.000km em julho/2011 e compramos nossa 1ª SOFTAIL, uma Heritage 2009 também com 5.000km, sem comparação!
Rodamos quase um ano sozinhos, mas, tivemos a oportunidade de participar daquele que seria o grande momento para nós (uma verdadeira iniciação, batismo, sei lá o que dizer!) e de todos que são apaixonados e fiéis a marca, a festa de aniversário de 110 anos no Sambódromo/SP, havia acabado de voltar das férias que foram programadas exatamente para que não perdêssemos este grande evento, e foi! Quando nos vimos entre todos aqueles apaixonados pela marca com suas máquinas ou simplesmente aqueles que estavam lá só para presenciar e registrar este grande momento, podem acreditar, eu e a minha esposa choramos de emoção, foi um filme passando na nossa cabeça! Sair de dentro do sambódromo no meio de 2.000 H-Ds, sem palavras para descrever.
 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


 
     

 

      Num domingo muito especial para todos Harleyros, exatamente em 23/06/13, estávamos indo para Jaguariuna contribuir com alguns KMs para o World Ride 2013 e de repente a minha esposa vê de longe aquele comboio de motos à nossa frente, mais que depressa abriu o capacete e “vamos, vamos junto com eles”. Era o pessoal da ABA-HD com o mesmo destino que o nosso, cheguei perto, ficamos meio de lado e se eu não me engano foi o Toninho (Diretoria do Chapter ABA-HD) que nos deu o sinal para entrar para o grupo, mais uma emoção muito grande para nós! Valeu Toninho! Daquele dia até hoje fizemos vários passeios com o pessoal da ABA, fizemos grandes amizades e o melhor de tudo é que rodamos com segurança e com gente que tem apenas um objetivo, fazer amigos e viver a vida com muita alegria e liberdade!

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


 
      

       Para concluir essa parte da nossa história com a Harley-Davidson segue mais uma, ganhei um presente dos meus filhos que jamais esperaria ganhar um dia, nem ao menos pedi isso um dia, mas, esse foi o grande barato do presente que eles me deram no Dia dos Pais. Eles simplesmente mandaram muito rock’n’roll no evento do Dia dos Pais na loja da ABA-HD, a banda Dr.Foxy estava lá para presentear todos os pais presentes e me desculpem, mas, me senti o mais privilegiado de todos que estavam ali, tive direito ainda a uma música dedicada à mim (Heroes / David Bowie), mas, com certeza era também para todos os pais que batalham todos os dias para dar o melhor para suas famílias e que estavam ali para curtir mais um final de semana com a família Harley-Davidson.
   

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


     
      Esta história não tem um fim, a cada fim de semana um novo capítulo é escrito, temos muitas estradas ainda pela frente. Let’s ride!

 

 

Harley-Davidson, Minha vida,

nossa história!

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